Transporte escolar rural retorna parcialmente após protesto de pais de Vila Taveira, em Niquelândia

EDUCAÇÃO

Estudantes da zona rural estavam sem frequentar as aulas desde 23 de outubro

Vila Taveira – Na manhã de quarta-feira (01/11), um grupo de mães do povoado de Vila Taveira se reuniu em frente à Escola Municipal José de Alencar para protestar contra a suspensão do transporte escolar que afeta os estudantes das fazendas circunvizinhas. As mães reivindicam o direito de seus filhos à educação e denunciam que, desde o dia 23 de outubro, o transporte escolar está suspenso, deixando dezenas de crianças sem acesso às aulas.

Essa não é a primeira vez que a comunidade de Vila Taveira enfrenta a paralisação do transporte escolar devido à falta de pagamento. As mães relatam que, apesar das constantes reclamações, não receberam qualquer retorno da Secretaria de Educação ou da Prefeitura em relação a essa ausência de transporte.

Uma questão que preocupa as mães é o motivo pelo qual a falta de recursos para o transporte escolar é alegada, quando há festas e eventos públicos ocorrendo na cidade. A comunidade questiona de onde vem o dinheiro para essas celebrações se a educação e a saúde não estão recebendo a devida atenção.

É importante lembrar que em julho, após quase uma década de interrupção, a Prefeitura Municipal de Niquelândia realizou a 20ª Exposição Agropecuária, que teve duração de nove dias, se estendendo entre 14 e 22 de julho de 2023.

“Toda vez que a gente vai atrás, eles [a Prefeitura] dizem que a Justiça está segurando qualquer verba que entra na Prefeitura. Está segurando a verba somente da Educação e da Saúde? Porque as festas não param! Como é que fizeram uma semana de festa de pecuária?” indaga Angla Freitas, mãe e moradora de fazenda no entorno do povoado de Vila Taveira, também conhecido como Faz Tudo.

Angla é uma das várias mães dos mais de quarenta alunos da região de Faz Tudo que ficaram desassistidos do transporte escolar durante as duas últimas semanas. 

A TV Tupiraçaba contatou o Secretário Municipal de Educação, para que ele pudesse explicar o que seria feito em relação ao restabelecimento do transporte escolar rural, bem como quais projetos serão desenvolvidos para que os estudantes consigam se recuperar e finalizar o ano letivo em par de igualdade com os demais colegas.

Ao primeiro questionamento, o secretário Wesley Campos respondeu que a extensão territorial do município, bem como o pagamento de diversos precatórios, impede que a Prefeitura consiga cumprir com seus deveres para com suas crianças. Já quanto ao segundo questionamento, o secretário se absteve em responder. 

Wesley Campos ainda confirmou o pagamento de mais uma parcela dos atrasados que a Prefeitura tem junto aos transportadores, e afirmou que o serviço seria normalizado a partir segunda-feira, 6 de novembro.

A resposta do secretário vem confirmar o que Quenia Benisio de Souza, pedagoga e mãe de aluno da Escola Municipal José de Alencar disse à TV Tupiraçaba. Segundo ela, a administração pública quita um mês dos débitos que acumula com os transportadores, que em seguida suspendem o serviço por falta de novos pagamentos, e a situação se repete e se arrasta há anos. 

Populares têm se revoltado com o sucateamento do Sistema Municipal De Educação, frente aos gastos com tais festas e ainda um aumento de 40%, solicitado pelo Prefeito Fernando Carneiro e concedido pela base na Câmara, para os salários de secretários e assessores especiais. 

Enquanto a comunidade luta por seus direitos, dezenas de alunos da região, que dependem do transporte escolar municipal, estão sem aulas. Para muitos pais, que não têm condições financeiras ou disponibilidade de tempo para acompanhar seus filhos na escola, essa situação é insustentável.

Retorno parcial

Até a noite de ontem, segunda-feira, 6 de outubro, apenas algumas regiões rurais já haviam tido o transporte escolar restabelecido. Pais de Quebra Linha e Vila Taveira relataram que os transportadores já estavam recolhendo suas crianças, com destino às escolas municipais dos povoados.

Por outro lado, em regiões mais isoladas, como Buriti Alto, onde estudantes estão sem frequentar as aulas desde agosto, início do terceiro bimestre do ano letivo, o transporte rural ainda segue suspenso.

Antônio Simão, é pai de duas crianças de 8 e 12 anos, estudantes da Escola Municipal Alessander Militic. Segundo conta, os filhos foram à escola pela última vez em junho de 2023. 

O pai de família se preocupa com o futuro dos filhos. Antônio e Maria Simão não tiveram oportunidade de frequentar o ensino regular e lutam para que as crianças não tenham o  mesmo destino. “Eu quero que meus meninos voltem a estudar. Eu e a mulher não sabemos nada. Aí, agora os meninos vão ficar do mesmo jeito?”, indaga o lavrador.

Para agravar ainda mais a situação, a região em que vive, em Buriti Alto, está sem energia elétrica há seis dias, deixando a comunidade ainda mais isolada e invisível ao poder público. 

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