AD Niquelândia concede liberação para pastores que desejam se candidatar em 2024

SOCIEDADE

A resolução do Pastor Daniel Abreu visa garantir que dirigentes e líderes ministeriais possam se dedicar exclusivamente à atividade política durante a campanha

Pastor Gilberto Galvão deixa a direção da Congregação Águas Claras após 15 anos (Imagem: Instagram/AD Niquelândia)

Ano após ano, o número de religiosos que ingressam na vida política se torna ainda maior.

Segundo o jornal O Globo, através de um levantamento de dados da base do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, a eleição do último ano bateu recorde de pastores evangélicos na Câmara dos Deputados e nas Assembléias Legislativas. Um crescimento superior a 20% se comparado a eleição de 2018.

Em 2004, a juíza Denise Frossard, então deputada federal pelo Rio de Janeiro, apresentou Projeto de Lei Complementar de número 216, que definia regras para que pastores, padres, bispos, sacerdotes, rabinos, gurus e outros líderes religiosos, não desempenhassem, simultaneamente, atividade política.

Para a magistrada, a atividade dupla é inconstitucional, pois viola o princípio fundamental de separação entre Igreja e Estado. Em entrevista à Agência Câmara de Notícias, Dra. Denise ainda ressaltou que o estado é laico, e que caberia às próprias instituições religiosas estabelecer regras de conduta para seus membros.

Partindo de princípio semelhante, Daniel Abreu, Pastor Presidente da Assembléia de Deus, Ministério de Madureira de Niquelândia, deliberou que os membros, especialmente os líderes de congregações, devem deixar seus cargos à disposição da igreja, caso desejem se lançar à vida pública nas eleições municipais de 2024..

A decisão foi tomada em reunião do Conselho Ministerial, e registrada em ata. A ação faz parte de um processo de reestruturação do estatuto da instituição religiosa. A resolução será devidamente formalizada até 03 de dezembro deste ano, que também é o prazo final para que pastores dirigentes e líderes ministeriais entreguem seus cargos.

Ainda de acordo com o pastor presidente da AD Niquelândia, o objetivo não é impedir que os membros ingressem na vida política, mas sim que estejam liberados para se dedicarem exclusivamente à atividade pública.

Abreu acredita que a nova determinação também pode resguardar a Igreja e seus membros, de possíveis desgastes gerados pela disputa eleitoral. 

Reconhecimento e obediência ao pastor

O vereador Anderson Spíndola, que é vice-dirigente da Congregação Monte Horebe, do Ministério de Madureira em Niquelândia, apresentou moção de aplausos à deliberação do Pastor Daniel na Sessão Extraordinária da Câmara desta segunda, 20 de novembro, e aproveitou a ocasião para anunciar que colocará à disposição da Igreja os cargos que ocupa, uma vez que acaba de lançar a sua pré-Candidatura à Prefeitura Municipal.

Spíndola reconheceu a importância e sabedoria da decisão de Abreu, e decidiu cumprir a determinação pelo que chamou de “obediência ao meu pastor”.

O pastor dirigente da Congregação Águas Claras, Pastor Gilberto Galvão, também colocou a direção da congregação à disposição da Igreja, para se lançar à vereador em 2024.  

No último sábado, 18, Gilberto Galvão e sua esposa, Luciene Pereira, realizaram a entrega das chaves da Congregação Águas Claras nas mãos do Pastor Presidente Daniel Abreu, que em seguida, empossou o casal, Pastor Jasiel Alvim e Sara Zaynne, que vão pastorear a congregação de agora em diante.

Gilberto e Luciene estiveram à frente da congregação por 15 anos. Nas redes sociais, a AD Niquelândia celebrou o momento de transição de gestão e manifestou bons votos ao futuro político de Gilberto. A notícia foi recebida com comoção pela comunidade evangélica. 

Consagração do Pastor Jasiel e sua esposa Sara, que vão dirigir a congregação Águas Claras (Imagem: Instagram/AD Niquelândia)

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